7.9.09

Diarréia Existencialista

 
   Sua boca tá com um gosto estranho, o corpo fica meio estranho e quando você abre os olhos todas as coisas inanimadas estão se movendo de algum jeito. Tá um calor infernal, porque você não tirou a calça jeans. No banheiro, o xixi é interminável e incontrolável.
   O espelho mostra o seu rosto e você não reconhece a si próprio. O seu cabelo está quase batendo no teto. E você percebe que tem uma coisa dentro do seu organismo. Um vômito interno, aquela sensação gostosa de que merda.
   Sozinho, tá tudo uma bagunça. O caos total. Mas é lógico que você não tá com cabeça pra isso. Vai arrumar amanhã (ou não). O corpo não responde bem ao cérebro, tem um atraso, alguma coisa assim. A televisão passa coisas idiotas como sempre e você aperta o botãozinho vermelho escrito power no controle remoto.
   A tela da tv desligada reflete o seu rosto de antípoda. E num instante você está pensando na vida. Que merda que é a vida. Coisa sem sentido, niilista, capitalista, marxista, nazista, alienista; Porra, pra quê que serve viver?
   A janela tá ali esperando você. Tem mil facas na casa. Tem shampoo, venêno de rato, papel e caneta. Mas que besteira. Que porcaria de diarréia existencialista.
   Então suas pernas criam forças e seu estômago – que só tem bebida e vento – te leva até a cozinha. Você abre a geladeira e entende. É por isso que vale a pena viver. Soubrou uma fatia da pizza de ontem.

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