7.4.09

Deszcz


   Esta é uma confissão de amor.

   Eu a amo, mesmo sem ter a oportunidade de ser o único. E não é um amor corrosivo. Não é uma paixão avassalodora - que não dura e não se esquece. Não, é diferente.
   Tu a amas, mas eu duvido que seja um relação de laços fortes, levada adiante com a barriga e manhãs agradáveis (embora as manhãs em que a vejo sejam sempre mais agradáveis). Não é isso, é outra coisa.
   Ele a amava. Não - ele a adorava. Como eu a adoro. Porque ele sabia, do mesmo jeito que nós sabemos (mas não valorizamos), que ela é essencial. Sem ela não há o amor - seja longo forte e chato, ou curto fraco e excitante (ou a raridade de uma mescla entre esses estereótipos).
   Nós a amávamos. Bem, na verdade, nós juntos a ela... Bem, nós juntos a ela somos um trio excelente. Eu, ela e o que restou dele - o que é mais do que suficiente. Nós somos o fruto de minha vida inteira. Os frutos que minha vida semeou no espaço físico do tempo. Mas ela é onipresente - nostálgica e premonitória.
   Vós a amáis. ______________________________________ (insira aqui vosso nós). Vossa majestade não tem vazios, sois a que preenche - mesmo o vazio daqueles que querem não, não podem ou não sabem ser preenchidos. Não entendo vós (por falar nisso, ela tem a mais bela voz...).
   Eles a amam? Dizem que sim. Dizem que não. Mas a machucam como ninguém. Mas a violentam. Mas a drogam. Alguns se fazem de vítimas, mas são vítimas de suas próprias misérias. O clássico paradoxo do ter e não ter e perder.

   E eu penso no amor. E me lembro que isso é uma confissão de amor que não consigo definir. O amor me lembra da moça que foi embora. Não é Ela, mas... Ah! Aquela moça... Nós fizemos nosso amor em algum lugar desse texto.
   Eu não sou feito de palavras. Ligo o rádio. Me junto ao muito que sobrou dele. E lá fora, eu sinto a presença dela. Vou para lá. Para a minha amada a quem faço esta conifssão.
   O que eles chamam de Nocturne, eu chamo de Deszcz. Minha própria nomenclatura para o que sobrou dele, meu grande amigo, mestre e mentor - Chopin. E essa é a música que eu tenho para ela.
   O som está alto lá dentro. Mas eu estou aqui fora. E eu começo a ver os passos deça. Uma gota cai no chão. Não é lágrima. De repente, minha amada me abraça forte pelas costas, enquanto eu olho para o chão. Eu não tenho porquê chorar. Ela está comigo e sussura no meu ouvido, enquanto se enrosca em mim e põe as mãos no meu corpo. Ela diz "Está chovendo.".
   E sem saber se é algo bom ou ruim, eu sei que ela, a chuva, já vai passar... Como ela sempre faz comigo.

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